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15º Tambaba open de Surfe Naturista - a resenha

Por Pedro Ribeiro

Em apenas dois dias de setembro a Federação brasileira de Naturismo realizou mais um evento que reuniu naturismo, esporte, música e confraternização. 

A versão de 2024 do Tambaba Open de Surfe naturista comemorou a décima quinta edição do evento esportivo mais longevo promovido por entidades naturistas do Brasil. Para nós, brasileiros, 15 anos representam magicamente uma etapa da vida vencida. A fase em que o adolescente deixa a infância e ingressa oficialmente na juventude. Comemora-se principalmente em relação às meninas. Pode ser, então, por analogia, que o Surfe Naturista de Tambaba entrará em nova fase, mais maduro, mais ciente do seu futuro.

 

O Tambaba Open de Surfe naturista é essencialmente um evento esportivo e muito segmentado, interessando quase exclusivamente a surfistas. A Idea de unir surfe e Naturismo surgiu no ano de 2008, durante o Congresso internacional de Naturismo, realizado pela primeira vez na América Latina, no Brasil, na praia de Tambaba. A ideia

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pegou e a realização prosseguiu anualmente, somente deixando de ser realizado nos anos de 2020 e 2021, durante a pandemia do Covid 19.

A produção desse evento foi sempre com muita dificuldade para conseguir patrocínio e conseguir realizá-lo durante todos esses anos. Por vezes, a equipe obstinada quis desistir de avançar. Embora fosse muito importante do ponto de vista de divulgação e visibilidade do Naturismo, somente após a pandemia tornou-se evento oficial da Federação Brasileira de Naturismo, que tem tentando manter o evento aceso.

 

Atrações a mais, além do surfe

Esta edição do Tambaba Open de Surf Naturista contou com algumas atividades além do surfe propriamente dito.

No sábado, 7 de setembro, com uma praia já bem cheia de visitantes, por volta das 10 horas da manhã, a Federação Brasileira de Naturismo organizou a ação “Onda Limpa, Praia Linda”, que teve o objetivo de alertar os banhistas naturistas para o cuidado com o lixo deixado na praia.  A partir do ponto onde estavam montadas as tendas do evento, seguindo para o fim da praia, na Pedra do Cachorro, um grupo de voluntários caminhou convidando os presentes a participarem da ação, que recolheria a maior quantidade de lixo encontrado jogada pelos caminhos, incentivando a adesão com frases de ação: “Ei você aí, parado, vem catar lixo pelado”, paródia da frase de ordem gritada durante a bicicletada pelada do Rio e de São Paulo. No sentido inverso, então, a equipe de 17 pessoas voluntárias veio recolhendo o que encontrou pela frente., até retornar ao ponto de partida. Foram recolhidos

exatamente 42,5 kg de lixo inorgânico (tampinhas de garrafa, pontas de cigarro, pedacinhos de plástico, camisinhas usadas etc)

Enquanto a ação ocorria iam chegando os juízes e  equipe de bastidores para a produção do evento do surfe. A música já tomava conta da areia, animando a galera, com músicas de estilo reggae e rock para surf, coordenada pelo DJ Jailson, funcionário da prefeitura do Conde e dando expediente na praia (Leia a matéria sobre isso clicando aqui). As inscrições começaram a ser feitas para a competição do dia, a categoria Local. A expectativa era de haver 10 inscritos, no entanto somente quatro confirmaram suas inscrições, o que levou a decisão do corpo de jurados de fazer apenas uma bateria com os quatro competidores, que já seria a final. A classificação ficou da seguinte forma: Hellington “Rato”, em primeiro lugar, Marlison José, em segundo, Willians da Silva em terceiro e Anderson Ferreira em quarto lugar. A prova foi realizada por volta das 14 horas na espera de ondas melhores, o que não ocorreu. Foi a única atividade do surfe no sábado.

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Dentro de uma das tendas montadas para o evento, naturistas de várias partes do Brasil se abrigavam. Os representantes de associações que estavam presentes expuseram suas bandeiras ou flâmulas, decorando o ambiente em volta de uma mesa onde havia algumas frutas para servirem aos naturistas e surfistas, que também poderiam utilizar o espaço para descanso e espera. Toda essa infra-estrutura foi montada com ajuda da prefeitura do Conde e vários patrocinadores, entre eles o jornal OLHO NU.

 

Como ocorre em todo evento oficial da FBrN muitos naturistas se reencontram e muitos abraços e beijos são trocados pela satisfação de estarem juntos mais uma vez. Também é o momento de conhecer pessoalmente aqueles que somente virtualmente trocavam informações e ideias, mas possuem tanta intimidade que parecem amigos há muitos anos. O ambiente fica muito prazeroso e familiar. E este evento não foi exceção. Visitantes membros da ANACE (Ceará), do NU-RN (Rio Grande do Norte), da ANAbricó (Rio de Janeiro), do NIP, do SPNAT (ambos de São Paulo), da NATParaná (Paraná), da NatES (Espírito Santo) além de visitantes, não ligados a associações, de Brasília, Rio Grande do sul, Mato Grosso do Sul, de Pernambuco entre outros não registrados, deram o tom da alegria e da confraternização necessária.

O feriado de 7 de setembro trouxe à praia de Tambaba um movimento de nudistas muito maior que o de hábito dos finais de semana comuns. no entanto

a grande maioria dos visitantes não sabia da realização da competição de surfe naturista e muitos se mostraram surpresos em encontrar a estrutura montada e o som contínuo. Mas quase ninguém destes resolveu se unir ao grupo de naturistas que se juntaram para participar do evento, dando preferência por se espalharem pelos lindos espaços acolhedores da praia. Também muitos naturistas que vieram especificamente para o evento, muitos membros das associações citadas acima, preferiram ficar espalhados pela praia, curtindo o sol e o mar e ignorando o que ocorria a poucos metros deles.

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O sábado na praia foi encerrado mais cedo por falta de surfistas participantes das baterias, mas não foi encerrado o evento do primeiro dia. À noite, o Território Macuxi recebeu naturistas e surfistas que quisessem para participarem da Noite Naturista, com muita música dançante.

Encontro naturista dançante no Território Macuxi

Marcado para iniciar às 7 e meia da noite, o evento realmente se iniciou uma hora depois. Os poucos que estavam desde o início assistiram o ensaio da banda Sob o Tom, que esquentava os instrumentos e as vozes para o que viria depois. Ainda não havia ninguém com a vestimenta natural do Naturismo. Havia venda de caldos de calabresa e de camarão, além de diversos drinks alcoólicos e não alcoólicos preparados na hora por uma equipe de três jovens.

O evento da noite começou com a exibição de um “teaser” projetado sobre uma tela branca improvisada, com a retrospectiva fotográfica de todos as edições do Tambaba Open de Surfe naturista realizadas até então, com cerca de 3 minutos, produzido pelo Movimento NU. Após, Julíndio Macuxi, o anfitrião deste evento noturno, fez um pequeno discurso de boas vindas e convidou todos os presentes, que a esta altura já estavam naturistas e em boa quantidade de pessoas, para fazerem uma ciranda em torno da fogueira que já ardia esperando pelos celebrantes do ritual à vida. Momento de cantoria e dança coletiva, todos de mãos dadas. Após realmente começou a banda a tocar músicas dançantes de vários gêneros, como rock Brasil, sertanejo reunindo toda a galera no salão principal. A festa foi muito animada e contou com presença de aproximadamente quarenta pessoas. Como previsto, o encerramento da festa se deu em torno de meia noite.

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Enquanto isso, na areia em frente, armava-se mais uma atração: A “escolinha de surfe” que  pretendia ensinar noções muito básicas de como se iniciar no famoso esporte aquático. O instrutor é um dos irmãos Meira, surfista experiente e detentor de vários títulos vencedores em campeonatos no estado da Paraíba e no Nordeste, Wagner Meira. Desta vez a atração não despertou o espírito aventureiro de  muitos interessados como na edição do ano passado, mas mesmo assim foi realizado com competência e profissionalismo.

Domingão de competição, de festejos e homenagens

O domingo, 8 de setembro, começou meio assustador para quem estava hospedado nos arredores da praia de Tambaba. Uma ventania e temporal abriu o domingo e deixou um ar de preocupação sobre como seria a realização da programação na praia.  Mas não passou de alarme falso, pois pelas 8 da manhã o céu estava limpo e azul e o calor anunciava um domingão de muita animação.

 

A tenda de confraternização, a que possuía as bandeiras das associações, foi incrementada ainda mais com uma mesa de café-da-manhã, com muitas frutas, sucos, bolos e sanduíches. Tudo disponibilizado para os visitantes e os surfistas inscritos. Durante toda a manhã a farta comida foi desaparecendo à medida que o número de pessoas aumentava no recinto.

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Enquanto a competição oficial não começava, surfistas treinavam manobras nas águas amornadas de Tambaba, mas que ainda estavam com ondas bem fracas.

 

Competição de domingo começa: Categoria Open.

Hoje, das 16 vagas possíveis, haviam confirmados 15 inscritos para participar das baterias da Categoria Open, a mais importante da competição, cujo primeiro prêmio é uma desejadíssima prancha de surf da marca WM, que foi customizada especialmente para o evento. As provas, divididas em 4 baterias, começaram por volta das 14 horas.

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De cada bateria nesta fase são retirados os dois mais bem pontuados que competem depois em mais duas baterias semi-finais. Os dois mais bem pontuados dessas duas semi finais competem na final. Cada bateria dura cerca de 15 minutos e os competidores têm este espaço de tempo para mostrar suas melhores habilidades para pegar as ondas, mas, claro, vai depender da contribuição da natureza de trazer a onda certa na hora certa. Desta vez a natureza não quis contribuir muito, o que comprometeu as perfomances dos atletas. Mesmo assim os juízes conseguiram avaliar e apresentar os vencedores.

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A competição Open foi encerrada, mas a ordem classificatória somente seria revelada após uma competição chamada de Expression  Session, onde os competidores ficam livres para fazer as manobras que quiserem e o os juízes que se virem para avaliar. Os competidores são os quatro ganhadores da categoria Local mais os classificados para final do Open, recém realizada, no total máximo de oito competidores. Mas como Hellington Ferreira, o rato, foi vencedor da categoria Local e finalista da categoria Open, este número foi diminuído para sete. Porém, Rato desistiu de competir na Expression Session, por considerar as ondas insuficientes, então, somente seis competidores participaram.

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Na praia as premiações começaram a ser entregues aos ganhadores, com muita festa e suspense. Ulisses Meira foi o campeão da Categoria Open, repetindo o feito do ano anterior.

Na tenda dos juízes e do som, José Aragão, vice-presidente da Federação brasileira de Naturismo,  prestou homenagem a Paulo Pereira, um dos mais antigos e expoentes do Naturismo brasileiro, falecido na quarta-feira, dia 4 de setembro. Leu um poema de sua autoria, o qual poderá ter acesso aqui. De forma muito contundente e emocionada, a leitura e a homenagem pertinentes foram muito bem recebidas.

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Como de costume, cada bateria é composta por quatro competidores que usam suas pranchas preferidas e uma camiseta colorida para facilitar a identificação dos autores das manobras pelos juízes que estão na tenda a mais de 30 metros de distância. As camisetas de quatro cores distintas: preta, amarela, vermelha e verde, são fornecidas pela organização e são trocadas entres os participantes a cada bateria.

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Dado o avançado da hora, a Associação naturista de Tambaba (SONATA), nas pessoas de seus administradores Rose Pessoa e Carlos Santiago, resolveram não esperar o final da competição para festejar o vigésimo nono aniversário da associação e do décimo quinto do Surf Nu (Tambaba Open). Maneira encontrada de evitar a dispersão, principalmente dos surfistas, após a anunciação dos resultados. Alguns pequenos discursos e o infalível “parabéns prá você”, em volta da mesa que agora estava decorada com os dois bolos confeitados, uma para cada aniversariante. Após o corte dos bolos e a distribuição para os presentes, inclusive para os juízes que não pararam seus trabalhos, a atenção voltou-se novamente para os últimos momentos da competição.

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Encerradas todas as competições chegou a hora da premiação. Antes de ser anunciada, a Federação brasileira de Naturismo prestou homenagem  a Marcus Bilu, falecido neste ano. Amado por todos, ele foi um dos idealizadores e colaboradores do evento. Era surfista e freqüentador da praia de Tambaba. Sua pousada e restaurante Arca do Bilu era point de encontro da galera do surf das praias de Tambaba e de Arapuca. Um medalhão com o rosto de Bilú, feito pelo artista plástico Nilson Marinho, foi entregue a Sérgio Bigarini, integrante do NIP (Naturistas do Interior Paulista), que representou a família de Marcus. Após o evento , Sérgio entregou o medalhão ao filho de Bilú, Dã, no restaurante Arca do Bilú em momento emocionante.

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(enviado em 15/09/24)

Leia também:
Tambaba Open: Preliminares
Tambaba Open: Sábado
Tambaba Open: Domingo
Tambaba Open: artigos
Em breve: Tambaba Open: as imagens dos fatos
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