Edição nº 263 - Outubro de 2022 - ano XXIII
Matérias inseridas no portal do jornal OLHO NU no mês de outubro de 2022 na íntegra.
As novidades desta edição
No primeiro domingo do mês de outubro o Brasil foi às urnas escolher seus novos dirigentes. Foram eleitos senadores, deputados federais, e deputados estaduais. Para nós, Naturistas, são estas classes de políticos as que realmente importam para nós. Pois são eles que idealizam novas leis, as debatem e as aprovam ou não. São para eles principalmente que devemos dirigir nossas atenções e esperanças para termos, em todos os níveis federativos, leis que possam ajudar o Naturismo se desenvolver de forma segura e eficiente. Portanto, devemos fazer uma força e nos desligarmos da polarização política que existe no cenário político atual e pensarmos naqueles eleitos aos cargos legislati- vos que possam nos ajudar de fato. Pesquise sobre
eles em seu estado. Veja se já tiveram momentos de defesa de nosso estilo de vida em algum momento de suas legislaturas anteriores, ou ao contrário, já se demonstraram francamente opostos a nós, com opiniões estapafúrdias a nosso respeito.
Estamos em momento crítico há mais de três anos, com o projeto de Lei, que regulamenta o Naturismo no Brasil parado no Senado Federal sem qualquer aparência que vai se movimentar (de autoria da então deputada federal Laura Carneiro, do Rio de Janeiro, que está se candidatando ao mesmo cargo, diga-se de passagem). Precisamos de políticos interessados em nossa causa, que estejam eleitos e que possam ajudar a fazer o Projeto de Lei andar. Na verdade, falta muito pouco, mas não podemos deixar acontecer com este projeto o mesmo que aconteceu com outro de autoria do então deputado federal Fernando Gabeira, que exatamente como desta vez, após de ter sido aprovado na Câmara dos Deputados, parou no Senado, não foi votado e foi simplesmente arquivado, sem qualquer apreciação.
Por favor, demos atenção a quem nós escolhemos para nos representar nas casas legislativas: Senado, Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa dos nossos estados. Faça seu voto útil e necessário.
O Tambaba Open de Surf naturista foi um evento cheio de imagens memoráveis. Compartilhamos com você algumas delas. Veja em Os Fatos em Fotos do NATEsporte.
Também mais fotos dos fatos ocorridos durante o Nono Encontro Norte-Nordeste de Naturismo.
Na segunda quinzena de outubro, ocorreu em Luxemburgo, a trigésima oitava edição do Congresso internacional de Naturismo. Delegados de mais de 30 federações e associações membros discutiram muitos temas de interesse do Naturismo e elegeram toda uma nova diretoria. Foi tudo muito tranquilo e organizado, mas os naturistas sentiram saudades de poderem ficar nus.
Leia a segunda parte da entrevista com Celso Rossi, a pessoa que fez ressurgir a filosofia Naturista em nosso país, uma história dinâmica, cheia de aventuras e de realizações. em NATEntrevista.
É com muito pesar que apresentamos notícia triste e chocante que chega da Paraíba. Naturista que participou ativamente do IX ENN faleceu no dia 10 de outubro, após cirurgia cardíaca de emergência. Em NATNotícias.
A edição de outubro do boletim FOCUS, publicado pela Federação Internacional de Naturismo (INF) está à disposição para leitura após o download. Em Notícias da INF.
A NATIbiúna realiza ação social em sua sede no Dia das Crianças.
Em Barra Seca, no Espírito Santo, a NatES vai promover a comemoração do aniversário da praia naturista, em novembro.
O Graúna fará evento ao natural no dia 6 de novembro.
Em São Paulo mais um Happy Hour naturista em um bar fechado para nós.
Aniversariantes do bimestre na praia do Abricó
(enviado em 5/10/22 via WhatsApp)
Virada da expansão no Ecoparque da Mata
Quer começar o ano novo com as energias renovadas?
Venha para a décima edição da VIRADA DA EXPANSÃO no Ecoparque da Mata.
Sete dias pra expandir corpo, mente e espírito.
Um ótimo lugar para tomar um banho de floresta e rio na Costa dos Coqueiros do Litoral Norte da Bahia - Brasil. Há apenas 88 km do aeroporto de Salvador.
É um Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica reconhecido pelo programa MAB (Man and Biosphere) da UNESCO.
E também é federado a FBrN - Federação Brasileira de Naturismo e a INF - International Naturist Federation.
As instalações são permaculturais (energia solar, saneamento ecológico, bioconstruções, etc.) visando sustentabilidade e harmonia com a natureza.
Faça já a sua reserva: 55 71 997010101
#ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL #NATURISMO #PERMACULTURA #ESPIRITUALIDADE #NATUREZA #MEDICINASDAFLORESTA
(enviado em 25/10/22 via Whatsapp)
Encontro ao natural no Graúna
(enviado em 4/10/22 via WhatsApp)
Aniversário de Barra Seca
(enviado em 4/10/22 via WhatsApp)
NATIbiúna realiza ação social em comunidade
Mais uma vez a NATIbiúna, Associação Naturista da Região Metropolitana de Sorocaba, realizou a Festa para as Crianças, uma ação social atendendo este ano 114 crianças do Bairro Murundu e arredores em Ibiúna SP.
Realizada na Chácara Yoshida com a colaboração de comerciantes locais, famílias do bairro, Kadu e Eduardo Gaui, membros da diretoria da NATIbiúna e amigos naturistas. As crianças tiveram um dia de lazer na piscina e pátio da chácara, ganharam brinquedos e doces, roupas de piscinas, bolo e lanches que também foram distribuídos aos pais e responsáveis que acompanharam as crianças. Tudo ocorreu de forma satisfatória, conforme as expectativas esperadas. Agradecimentos a todos que colaboraram.
Cristiane Pires
Presidente da Nat Ibiúna.
Obs: A associação NATIbiúna não é filiada à Federação Brasileira de Naturismo
(enviado em 17/10/22 via WhatsApp)
Surge nova associação no interior de São Paulo: NatuRP
Está nascendo mais uma associação naturista no interior do estado de São Paulo, na cidade de Ribeirão Preto.
A região Metropolitana de Ribeirão Preto (RMRP) ou Grande Ribeirão Preto é a primeira região metropolitana do estado de São Paulo fora da macrometrópole, formada pelo aglomerado de 34 municípios, sendo a terceira maior de seu estado.
O NATURP | Naturistas de Ribeirão Preto e região, surgiu com o propósito de juntar amigos de Ribeirão Preto e região, onde o interesse maior era de ajudar diversas entidades filantrópicas com trabalhos voluntariados e também somar com arborização da cidade, espalhando sementes e plantando arvores em vias públicas.
Sua região tem o clima subtropical que é predominante quente e seco em sua maior parte do ano, chegando com suas máximas de 43 a 48°C em pleno verão.
“Aos poucos a proposta de ficarem nus em diversos lugares privativos, como cachoeiras, grutas e matas preservadas que lhes oferecem sua região foi crescendo e conquistando mais adeptos da prática naturista.”
O grupo tem pouco mais de três anos, mas foi no mês de janeiro do ano de 2022 que surgiu o interesse de oficializar juridicamente como entidade sem fins lucrativos.
Obs. Estão esperando a conclusão do estatuto/ata/inscrição na receita para filiarem a Federação Brasileira de Naturismo, pois como grupo seguem à risca o código de ética da FBrN.
Para a partir deste, iniciar o registro na prefeitura para trazer atividades de conscientização pela cidade (casa da cultura e instituições ligadas ao meio ambiente), trazendo palestras sobre a filosofia e atividades beneficentes para a população metropolitana de Ribeirão Preto.
“Nosso intuito não é ver o seu nu, mas sim conhecer a sua alma.”
Foto do encontro de halloween out/22 do SPNAT, onde o grupo NATURP expôs sua bandeira.
Diz o fundador e atual representante do grupo Alexandre Cüpez.
1º encontro oficial primavera/22 de outubro na sede do grupo.
Para maiores informações:
e-mail naturp.naturistas@gmail.com
whatsapp +55 16 99319-9037
Facebook @naturp.naturistas.rpo
Instagram@naturp.ribeirao_regiao
(enviado em 24/10/22 via WhatsApp)
Sexto encontro do ano do PlaNAT
(enviado em 24/10/22 via WhatsApp)
Novo encontro Naturista do PlaNAT em novo local
(enviado em 10/10/22 via WhatsApp)
Festa de Natal no SPNAT
SPNat – 10 e 11 Dezembro/2022
VALORES POR PESSOA PARA O FDS
As reservas estão bombando, metade da casa já está reservada, vai perder mais essa?
O encontro conta com debates e bate-papo sobre o que tem de mais atual no naturismo, teremos também atividades como vôlei, piscina, trilha e banho de riacho.
Teremos no sábado uma festa de confraternização com nossa associação irmã NIP e também nosso tradicional amigo secreto de cangas.
Vamos lá pessoal, você vai perder mais essa? Será a última do ano. Bora lá, uhuuuuu!!!
Teremos novidades em nossas atividades.
Associados SPNat – aqueles que compraram a associação 2022 do SPNat: Casa= quartos, terraço ou sala de TV: R$ 180,00, Acampado: R$ 165,00
Federados das associações ligadas a FBrN – que compraram o selo 2022: Casa= quartos, terraço ou sala de TV: R$ 210,00, Acampado: R$ 185,00
Não federados e sem vínculo com a FBrN: Casa= quartos, terraço ou sala de TV: R$ 230,00, Acampado: R$ R$ 205,00
Day use, para passar o dia com direito as refeições: R$ 175,00/pessoa
Reservas até 01/12/22, pelo e-mail spnat01@gmail.com ou whatsapp 11-98308-6966
(enviado em 23/10/22 via WhatsApp)
Mais um happy hour naturista em São Paulo.
(enviado em 23/10/22 via WhatsApp)
Congresso Internacional de Naturismo
Luxemburgo, o pequeno país europeu, que faz divisa com Bélgica e Holanda, sediou pela primeira vez o congresso internacional da Federação Naturista Internacional (INF-FNI) de 20 a 23 de outubro de 2022; este congresso reuniu cerca de 50 federações nacionais no Hotel NH Luxemburgo.
A Federação Naturista Internacional (INF-FNI) foi criada em 22 e 23 de agosto de 1953 no Centro Helio-Marin Montalivet (França), principalmente com base na iniciativa da Federação Naturista Francesa (Fédération Française de Naturismo - FFN), bem como da Federação Naturista Alemã (Deutscher Verband für Freikörkultur - DFK). A INF-FNI representa hoje 37 federações nacionais de todo o mundo, bem como
Img.: Pixabay
Luxemburgo, capital do pequeno país europeu de mesmo nome, sediou o trigésimo oitavo Congresso Internacional de Naturismo.
quatorze correspondentes oficiais. Assim, a INF-FNI representa hoje cerca de 450.000 indivíduos.
“É a primeira vez que a Federação Naturista de Luxemburgo teve a honra de organizar este congresso, que de acordo com os estatutos deve ser realizado a cada dois anos e se alterna entre as diferentes federações afiliadas. A cada quinto congresso será organizado de acordo com regulamentos internos em outro continente que não a Europa.” Disse Armand Ceolin, auditor da INF-FNI e dirigente da Federação naturista Luxemburguesa, em entrevista ao jornal Chronicle.lu, de Luxemburgo.
Os principais temas de cada congresso são a elaboração do orçamento para os próximos anos, eleições de conselheiros e auditores, discussões sobre os relatórios das diferentes federações nacionais que comunicam seus sucessos, mas às vezes também seus fracassos.
"A troca entre os delegados nacionais é um fator muito importante onde experiências e conselhos são compartilhados.
Alterações nos estatutos e regulamentos propostos pelas diferentes federações também são discutidas e colocadas em votação principalmente para considerar os desenvolvimentos tecnológicos e socioculturais da sociedade." Conclui Armand.
Gregers Mollers, presidente da NAT - Naturist Thailand Association, na página oficial da instituição, conta os detalhes de tudo o que aconteceu neste encontro de 2022 do congresso internacional, a 38ª edição.
Ele destaca que após muitos anos a transição de liderança INF-FNI foi concluída. “Um dos pontos de maior interesse no Congresso Mundial da INF-FNI tem sido por muitos anos - se não for sempre - a votação pelos vários cargos administrativos . Este foi o caso deste Congresso de 2022 que ocorreu em Luxemburgo de quinta-feira 20 a sábado, 23 de outubro.”
A primeira das antigas lideranças a ser substituída foi Sieglinde Ivo, presidente por muitos anos, que no Congresso Mundial anterior em 2021 (adiado de 2020), foi substituída pelo novo presidente Stephane
Img.: Gustavo de LaGarza
O Congresso 2022 foi o congresso dos vestidos, pois não houve qualquer ocasião oficial em que se pode usar a vestimenta naturista.
Deschenes do Canadá. “Um acordo costurado no Congresso Mundial de 2021 permitiu que ela permanecesse no Comitê Central como co-presidente para garantir a continuidade das ações, mas ficou claro na reunião deste ano que ela não tentou de forma alguma ir além desse papel. No Congresso anterior, o antigo vice-presidente, o tesoureiro Rolf Beat Hostettler também foi formalmente substituído pelo atual vice-presidente, tesoureiro Dominique Dufour.” Declarou Gregers.
Neste Congresso Mundial, o mandato do terceiro vice-presidente e secretário da antiga Comissão Executiva, Jean Peters, estava chegando ao fim. O naturismo britânico havia indicado Edwin Kilby para esta posição, mas a federação de Jean Peters, Luxemburgo, no entanto, também o indicou para a reeleição.
Edwin Kilby, indicado pelo Britsh Naturism, venceu a eleição para o cargo terceiro vice-presidente e secretário da Comissão Executiva, vencendo o atual Jean Peters, indicado pela federação luxemburguesa. Com isso, uma nova era de liderança do INF-FNI foi finalmente concluída.
Durante este congresso, os delegados haviam aprovado a proposta da Associação Naturista Tailândia para dividir em dois o cargo de Assessor da INF para países não europeus, de modo que haveria um Assessor para as Américas, e um Assessor para a África e Ásia-Pacífico - e, em seguida, é claro, a posição inalterada como Assessor para as Federações Europeias. Essa divisão foi aceita em uma base experimental de dois anos para ser avaliada em 2024.
Gustavo de la Garza, presidente da Federação mexicana de Naturismo, foi eleito como Assessor para as Américas. Para a outra posição, os delegados apoiaram o nome sugerido de Christo Bothma da África do Sul. Christo foi sugerido por Nicolas "Nick" de Corte que representava a Austrália e com procuração da África do Sul. O Comitê Central aceitou esta proposta e
Img.: Gustavo de LaGarza
Gustavo de LaGarza (primeiro à esquerda), posa com antigos e novos membros da diretoria da Federação internacional
anunciou Christo Bothma como o novo Assessor para a África e Ásia-Pacífico.
Outras eleições foram menos complicadas. Os atuais Conselheiros Legais Herve Begeot e Leslie Rabuchin foram reeleitos, assim como os atuais Fiscais do tesouro /Auditores, Armand Ceolin e Henri Hermans.
Lutas internas evitadas
Esperava-se que o Congresso fosse lembrado por uma amarga batalha entre a federação italiana FENAIT e a federação de Liechtenstein, LNV. A FENAIT protagonizou um forte caso contra Jean Peters e a Sieglinde Ivo por ajudar a LNV - controlada por seu ex-tesoureiro Rolf Hostettler - por ajudar a LNV a burlar os estatutos e vender selos INF para a UNI, um clube naturista italiano separatista. Para tornar o assunto mais delicado, a presidente da UNI é Rosita Dal Soglio, que também está no Comitê Central.
As moções da FENAIT exigiam que a LNV fosse expulsa como membro e exigiam compensação financeira da LNV e ainda pediam aos delegados que repreendessem oficialmente Sieglinde Ivo, Jean Peters e também Stephane Deschenes por cumplicidade no assunto.
Img.: Gustavo de LaGarza
Jantares festivos e de confraternização sempre foram carcaterísticas de todos os Congressos Internacionais de Naturismo
Todo o caso perdeu sentido quando Rolf Hostettler, na segunda manhã do Congresso, enviou um e-mail a Sieglinde Ivo e declarou que a LNV foi dissolvida e não existia mais. A maioria dos membros ficou aliviada por a FENAIT aceitar essa manobra como reconhecimento suficiente de seu caso e retirou suas moções.Da Associação Naturista daTailândia (NAT), foram discutidas duas moções de mudanças nos estatutos do INF-FNI. Uma delas foi uma moção para mudar a redação vaga de um parágrafo que foi usado no Congresso em Portugal em 2018 para retirar a federação neozelandesa, a NZNF de seu direito de voto. Disraporn Yatprom, a delegado da NAT, argumentou que se a proposta da NAT tivesse modificado a redação do tal parágrafo, então à NZNF não teriam sido negados direitos de voto e provavelmente ainda a instituição seria membro da INF. Todos os delegados votaram esmagadoramente a favor
da modificação “com um entusiasmo que foi o mais perto que você poderia chegar de um pedido de desculpas à NZNF.”
A outra proposta da NAT, a qual visava reverter a tendência nos últimos dez anos, quando as federações têm comprado cada vez menos selos, indicando um número em declínio de membros. A proposta era permitir - em determinadas condições - mais organizações ou associações em cada país a se tornarem membros e venderem selos. Por sugestão de Nicolas de Corte, a proposta foi colocada em uma comissão especial para elaborar propostas aceitáveis sobre como reformar as regras de adesão que estavam constantemente sendo corrigidas enquanto as federações lutavam pela "posse de seus naturistas". Esse grupo de trabalho não seria o mesmo que o grupo de trabalho existente para propor novos estatutos completos.
A sugestão de reduzir o número de idiomas para o inglês foi colocada em votação indicativa por levantamento das mãos. Esta votação mostrou que uma clara maioria dos delegados poderia aceitar o inglês como a única língua oficial. Mas no debate seguinte a esta votação, a maioria parecia preferir manter as três línguas como estão, deixando o grupo de trabalho bastante confuso.
Os novos estatutos serão finalizados pelo grupo de trabalho e prontos para adoção dos delegados pelo Congresso em 2024.
Este Congresso aprovou por unanimidade uma Declaração de Entendimento e da-Missão da Federação Internacional a respeito do Naturismo, que esteve por cinco anos em construção em um grupo de trabalho. O documento entre outras declarações assegura que os naturistas também devem ser livres para ficar nus sem estar em um ambiente social. O documento pode ser baixado aqui.
Img.: Gustavo de LaGarza
Duas moções apresentadas pela Croácia foram aprovadas: permitir que pequenas federações apresentem suas propostas e artigos em apenas uma das línguas oficiais foram aceitas, acrescida a emenda que será válida para todas as federações, e a INF-FNI arcaria com os custos de tradução.
Fundo não-União Europeia versus desconto não-União Europeia
Um desacordo entre a federação tailandesa e as federações australianas, canadenses e sul-africanas sobre como lidar com o aumento da taxa de adesão que foi acordado no Congresso em 2021 tomou corpo nesta assembleia.
A NAT havia reapresentado uma proposta para que as federações não europeias recebessem uma parte da nova taxa paga em um fundo de onde os membros não
Jean Peters, o antigo vice-presidente e secretário da INF-FNI, mostra o presente que recebeu de seu sucessor no mesmo cargo.
europeus poderiam solicitar dinheiro para financiar suas atividades. A estrutura era uma cópia da forma como as federações europeias recebem uma parte de 40% de suas taxas pagas de volta ao EUNAT.
Canadá e Austrália argumentaram que a ata havia prometido a eles uma reapresentação desta proposta neste Congresso. Este argumento foi aceito, mas em vez de apresentar a moção original, os delegados canadenses propuseram uma nova moção para que as federações não europeias continuassem a obter um desconto como tinham antes da taxa ser levantada, não deixando espaço para discutir os benefícios da proposta do NAT.
Desta forma, a votação deu às federações não europeias um desconto de 40% em vez de alocar isso para um fundo não-europeu.
Defensor e promotor do naturismo
"O Congresso foi excepcionalmente longo com muitos mais itens importantes na agenda."
Uma das moções britânicas pediu ao Comitê Central (CC) que escrevesse descrições claras de trabalho para as duas posições atuais do CC denominadas Defensora do naturismo e Promotora do naturismo. A moção apontou que a descrição originalmente adotada dos dois trabalhos estava muito longe do que os dois membros do CC, Filipa Esteves e Rosita Dal Soglio, estavam fazendo atualmente. Ambos saudaram a moção para tornar seus trabalhos mais claros para os membros e a moção foi aprovada.
Um conjunto separado de moções dos Países Baixos, Alemanha e Grã-Bretanha visavam reformar o modo como o EUNAT funciona. Entre as propostas estava a abertura de uma porta para que as federações não europeias se juntassem aos eventos organizados pela EUNAT a um custo semelhante ao das federações dentro da Europa. Em vez disso foi decidido dar um desconto para as federações não europeias, que ainda serão bem-vindas, mas a um custo diferenciado das associações europeias, se quiserem aderir.
Aprovação do Orçamento
A maioria dos delegados estava cansada. Em consequência, um dos pontos mais importantes da agenda, a aprovação do orçamento para os próximos dois anos, foi feito a toque de caixa. Não houve discussão. O orçamento foi aprovado apenas pela informação.
O custo exorbitante do site da INF-FNI - 28.000 Euros - foi mais uma vez destacado. Os delegados ainda não receberam uma explicação adequada desse custo, incluindo a apresentação de quaisquer propostas comparativas que a Comissão Executiva havia solicitado a outros provedores antes de fazer a decisão - que nunca foi tomada pelo CC, mas apenas pela antiga CE.
A grande questão para os próximos dois anos é como a renda sobre os selos será influenciada pela decisão de alguns dos maiores membros de que eles não comprarão selos INF-FNI para o mesmo número que
Img.: Gustavo de LaGarza
A infalível foto oficial, mais vestida do que nunca. O novo Assessor para as Américas, Gustavo De La Garza, foi "adotado" como um querido mascote por sua atitude jovem em relação aos velhos costumes da INF-FNI. Atrás dele estão na primeira fila Claudia Kellersch, Ismael Rodrigo, Rosita Dal Soglio, a ex-presidente Sieglinde Ivo, o presidente Stephane Deschenes e a delegada da NAT Disraporn Yatprom.
compravam no passado, explicando várias formas de contornar a redação atual dos estatutos que não permitem isso. Essas federações são as maiores da INF-FNI, mas parecem mais ocupadas na sub-otimização em sua própria economia do que em agregar valor ao modelo de negócios dos selos INF-FNI.
A grande questão para os próximos dois anos é como a renda sobre os selos será influenciada pela decisão de alguns dos maiores membros de que eles não comprarão selos INF-FNI para o mesmo número que compravam no passado, explicando várias formas de contornar a redação atual dos estatutos que não permitem isso. Essas federações são as maiores da INF-FNI, mas parecem mais ocupadas na sub-otimização em sua própria economia do que em agregar valor ao modelo de negócios dos selos INF-FNI.
Próximo Congresso: México!
A localização deste Congresso foi bem ao lado do aeroporto de Luxemburgo, o que facilitou a chegada até lá, mas não havia oportunidade para ninguém ficar nu. Vários participantes se sentiram estranhos se encontrando com naturistas com roupas e discutindo assuntos relacionados ao nosso modo de vida vestindo roupas de negócios ou roupas de rua. Eventualmente, na segunda noite, o canadense Greg Snow deu uma festa em seu quarto que rapidamente se tornou a única hora nua da conferência.
Quando finalmente chegou à discussão, aonde o próximo Congresso Mundial será realizado em 2024, havia três propostas sobre a mesa. Uma do Canadá, uma de Portugal e outro do México. Os delegados votaram no México, Zipolite Beach, que permitirá um Congresso totalmente nu em 2024.
Img.: Gregers Mollers
Claudia Kellersch - sorrindo para a câmera - fez uma apresentação convincente do México como o local ideal para o próximo Congresso Mundial em 2024.
Além de discutir a política futura da INF-FNI, o Congresso é atualmente a única plataforma naturista global para trocar experiências e discutir questões e ameaças comuns.
Img.: Gustavo de LaGarza
Um arco-íris enfeitou o dia da despedida de Luxemburgo dos delegados do Congresso
Fontes:
Luxemburgo sedia Congresso Internacional da Federação Naturista pela 1ª vez (chronicle.lu)
e
INF-FNI leadership transition completed – Naturist Association Thailand (thailandnaturist.com)
P.S.: Documento "a missão" da INF
Clique sobre a imagem para ler melhor
(enviado em 25/10/22 via WhatsApp)
Nova edição de Focus no ar
Focus, o boletim informativo da Federação Internacional de Naturismo está com a edição de outubro disponível para leitura, em cinco idiomas em seu website (inf-fni.org): inglês, francês, alemão, espanhol e português. Você pode ler a versão de sua preferência clicando sobre os idiomas. Facilitando seu trabalho o jornal OLHO NU disponibiliza a edição em língua portuguesa traduzida e editada pela naturista portuguesa Filipa Gouveia Esteves.
Leia nesta edição:
Maytè Roldan, presidente da Associação naturista de Equador apresenta para o mundo o Naturismo em seu país, convidando todos a participar e visitar as belezas naturais do país onde na capital, Quito, está o marco da passagem da Linha do Equador.
Na matéria seguinte é um protesto contra a cada vez maior "invasão" de têxteis em ambientes naturistas. O autor do artigo, membro de associação naturista da Espanha, se sente incomodado com a presença de pessoas vestidas em locais e eventos que se anunciam como naturistas. Ele argumenta que "O Naturismo Textilizante quebra completamente o conceito de igualdade. Essa liberdade de estar entre as pessoas sem saber sua riqueza ou status social que os artigos têxteis mostram". Bom para reflexão.
A terceira e última matéria narra a experiência de um casal de professores com seus alunos, que introduziu em suas atividades de contação de histórias, narração e dança outras formas de expressão e Naturismo. Desta forma foi possível observar a reação das pessoas entre a opinião predominante e a dúvida sobre sua própria percepção das coisas, tecendo elementos da pedagogia da dança nas atividades. Dessa forma, a pele nua pode ser experimentada sensualmente através
do próprio toque, sensação, pesquisa e percepção. Sensibilizados dessa forma, foram acrescentadas tarefas de dança, movimento e expressão.
No final da matéria um artigo reproduzido de um site de arquivo de dança alemão, onde a famosa dançarina Isadora Duncan e citada.
Clique sobre a reprodução da capa desta edição acima para fazer o download.
(enviado em 10/10/22 via WhatsApp)
Nota de falecimento
Amigos do Naturismo brasileiro, é com muito pesar que venho avisar aqui o falecimento de nosso amigo Ramon, esposo de Larissa. Ramon estava presente ao IX ENNN e foi o vencedor do torneio de arco e flecha. Faleceu no dia 10 de outubro após sentir fortes dores no peito. Foi mal atendido pelo Samu, procurou por conta própria um hospital onde imediatamente foi levado a UTI. Não resistiu. Estamos todos em choque porque Ramon não tinha nem 40 anos. Deixa esposa e dois filhos pequenos. Rezem pela família e por seu espírito. Morador de João Pessoa, Ramon era membro da SONATA e do Movimento Nu.
(enviado em 10/10/22 por Julíndio Macuxi via WhatsApp)
As fotos dos fatos do IX ENNN
Clique sobre as imagens para ampliá-las ou ver os vídeos
(enviado em 1/10/22)
Tambaba Open de Surf Nu - os fatos em fotos e vídeos
(Passe o mouse sobre cada galeria para ler as legendas, ou clique sobre elas para ampliar)
Surfista desliza sobre as ondas durante o treino para o Tambaba Open de Surf Nu em 2022. (Img.: Graça de Andrade)
(Img.: Graça de Andrade)
(Img.: Pedro Ribeiro)
Surfista desliza sobre as ondas durante o treino para o Tambaba Open de Surf Nu em 2022. (Img.: Graça de Andrade)
Imagens: Graça de Andrade
(img.: Graça de Andrade)
(Img.: Pedro Ribeiro)
(img.: Dhiego Victor)
(img.: Graça de Andrade)
(enviado em 1/10/22)
Leia mais sobre o Tambaba Open de Surf Nu de 2022 em NATEsporte
Celso Rossi: Uma história de liderança - 2ª parte
Por Pedro Ribeiro
Entrevista concedida em 6 de outubro de 2022 via WhatsApp
Há pouco mais de um mês Celso Rossi forneceu entrevista ao jornal OLHO NU permitindo aos leitores conhecerem um pouco mais de sua vida privada, a qual é praticamente a própria do Naturismo no Brasil na sua retomada. Porém uma vida tão plena não coube em apenas uma matéria. Então Olho Nu brinda aos leitores com mais uma entrevista que complementa a anterior.
Desta vez a entrevista foi concedida de sua residência em Porto Alegre, onde está momentaneamente por questões familiares.
Comunidade igualitária
Celso recorda que seu idealismo na estruturação do Paraíso da Tartaruga, em sequência a comunidade de Pedras Altas e enfim a Colina do Sol era de fazer uma comunidade igualitária, inovadora nos pré-conceitos, despertando uma sensação que poderia ir além de apenas o Naturismo em si, uma cumplicidade entre os novos pioneiros de um novo estilo de vida baseado na simplicidade e na natureza. “Naquela época não se falava ainda em ecovilas, não existia ainda este termo, acho” relata Celso. “os membros daquela comunidade se identificavam com um colar com uma concha pendurada no pescoço. Pretendíamos praticar uma vida em comunidade, trabalhando por aquele ideal: na verdade, pessoas desempregadas que estavam ali
Img: Arquivo pessoal
procurando inventar um novo estilo de vida. Algo bem romântico, né?” Reflete.
Celso lembra que a ideia era a de reunir pessoas em comunidade trabalhando por aquele ideal, em que cada um que ali fosse morar daria sua contribuição de acordo com sua formação e profissão. Seria criada uma cooperativa, “ou algo parecido”, onde seriam somados esforços e o lucro seria dividido. “Na verdade era uma ideia de comunismo – um comunismo voluntário” conclui.
Foi com esse pensamento idealizado que Celso partiu para construir a comunidade de Pedras Altas, no município de Palhoça, no estado de Santa Catarina. Ele e seu companheiro de idealismo, Edson Medeiros, acreditavam que iriam “inventar o homem do futuro”. “Nós tínhamos a arrogância de sabermos como deveria ser o melhor homem do futuro na cidade do futuro”.
Img: Arquivo pessoal
Hasteamento das bandeiras no Paraíso da Tartaruga, Praia do Pinho, 1988. O jovem idealista Celso Rossi à direita.
Hoje em dia Celso estima que organizar uma comunidade deste tipo pode acabar com a liberdade individual de escolha e pode acabar gerando violência por conta da imposição de um ponto de vista do conceito de homem perfeito. “O que eu mais prezo é a liberdade de pensamento”.
Mas foi essa visão de mundo que Celso implantou nas realizações de seus feitos. Desde a comunidade do Paraíso da Tartaruga, na praia do Pinho, em escala muito pequena, passando por Pedras Altas num projeto mais amplo e ambicioso, até culminar na Colina do Sol, o derradeiro e maior trabalho realizado por ele.
Então o projeto Pedras Altas se desenvolveu em seguida ao paraíso da Tartaruga. Movidos pelo idealismo algumas famílias foram morar no terreno onde seria construída a comunidade utópica. Os recursos eram gerados pelos turistas visitantes da praia que pagavam pelos serviços prestados a eles. Havia os moradores, que eram o núcleo da comunidade, sustentados de modo cooperativo por essa engrenagem que foi posta em prática. “eu tinha sempre esta idéia de que as áreas naturistas seriam construídas em termos de comunidades, onde as pessoas poderiam sobreviver dentro delas, tendo como recurso financeiro a receita do turismo dentro daquelas próprias áreas. Mas os moradores trabalhariam, dentro do possível, sob forma de cooperativa”.
Foi tentada esta forma de administração em Pedras Altas, mas não conseguiu ser plenamente desenvolvida por questões jurídicas. Celso lamenta: “Foram anos de trabalho e não pude colocar o projeto para frente, o que depois consegui fazer na Colina do Sol”.
Imgs: Arquivo pessoal
Primeira construção em Pedras Altas
Primeiros moradores de Pedras Altas
Porém, chegando na Colina do Sol, Celso modificou essa visão de cooperativa por “uma idéia de um ‘capitalismo organizado’, na comunidade residente, ou seja, fora os veranistas e os turistas.” A questão comercial foi modificada. Em vez de toda a receita ser distribuída igualmente por todos os moradores, foi implantado uma nova modalidade: a concessão comercial, em que os moradores comprariam essa concessão da administração do empreendimento, por exemplo o camping, aluguel de bicicletas, lojas diversas, hotel, pousada ou restaurante. Cada concessionário passou a se voltar mais especificamente para seu negócio, desenvolvendo meios para que ele progredisse, pagando mensalidade fixa para o clube, com valores diferenciados pelo tamanho da concessão de cada serviço oferecido, que não teria concorrência comercial. Mas havia no pensamento de Celso, que tudo era interdependente, pois o sucesso ou fracasso de um concessionário seria o sucesso ou fracasso de todo o empreendimento. “Todos teriam que se apoiar mutuamente dentro de seus setores para que todos funcionassem muito bem”. Foi um segundo momento em que modificou o pensamento de “ninguém é dono de nada, tudo pertencia ao governo, digamos assim” para este novo modelo “já que o antigo não estava funcionando”.
Cooperativa Naturista
“A Colina do Sol começou a funcionar desta forma. Em questão de dois ou três anos já tínhamos cerca de 15 concessões comerciais de tipos de negócios diferentes e assim a coisa andou. Alguns com mais dificuldades, outros com mais dinheiro, mas cada um cuidando do seu negócio. Mas lá pelas tantas, no meu íntimo, eu estava querendo deixar a Colina do sol e ir morar num barco, meu sonho antigo. Eu estava sentindo que, no inverno, a situação ficava complicada para as pessoas. Durante o verão vinham os turistas, entrava o dinheiro e estava todo mundo feliz. Quando acabava o Verão, começava o Inverno e acabava o dinheiro, aí começavam os problemas, começava a insegurança, o medo. As pessoas se tornam mais agressivas, porque ficavam na defensiva e começavam a gerar mais conflitos. Tudo gerado pelo instinto básico de sobrevivência. E como eu queria sair da Colina do sol para morar num barco, eu tinha que deixar a coisa funcionando. Eu tinha medo de que tudo fosse à falência. Então, antes de sair, enquanto eu tinha alguma liderança, eu queria profissionalizar a gestão dessa comunidade, onde houvesse um ‘carro-chefe’, comercialmente falando. Então nesse momento fundei a CoopeNAT, Cooperativa Internacional de Intercâmbio Naturista. Não foi um consenso. Havia gente que não gostou muito da ideia porque tinham uma visão muito mais pragmática das relações comerciais, enquanto a minha visão era muito mais romântica, achando que todo mundo ia colaborar.
O objetivo da CoopeNAT era fornecer mão de obra de pessoas prestadoras de serviço que moravam na Colina do Sol de acordo com suas disponibilidades de tempo e com suas vontades de local e de tipo de trabalho (por exemplo, no restaurante, no escritório, em loja etc.). Desta forma as concessionárias não precisariam mais contratar funcionários, com todos os encargos advindos, mas usar os cooperados da CoopeNAT. Em um segundo momento a mão de obra foi ampliada para moradores da região em torno da Colina do Sol. Chegamos a ter cerca de 40 cooperados na cooperativa. Por exemplo, no hotel o serviço de camareiras era todo atendido pelos cooperados.
Como funcionava a cooperativa. Quem aderisse ao projeto, que não era obrigatório, o concessionário vendia a concessão para a cooperativa e ele passava a ser um cooperado trabalhando para seu próprio negócio. Mas quando eu saí da Colina do Sol para morar no barco, a cooperativa durou apenas mais três meses. Ela foi minada pelos contrários da ideia e a acabaram destruindo.
O sonho de morar num barco
Mojud (o veleiro da família), Celso, Valentina e Gabriel na divisa entre Brasil e Uruguai.
Fomos morar no barco eu, minha esposa Paula e meus dois filhos, por volta do ano 2000. Se eu voltasse para a Colina para tentar reverter a situação da cooperativa, eu jamais iria realizar o sonho de morar num barco. Não voltei. A cooperativa acabou, não muito tempo depois deu aquele problema de acusação de pedofilia a alguns moradores e a situação da Colina ficou bem complicada.”
Com o passar do tempo Celso já estava se sentindo fora do Naturismo. Ele acabou retornando durante a realização do XXX Congresso Internacional na praia de Tambaba em 2008, por um certo acaso, quando, por sugestão de Marcelo Pacheco, decidiu usar as milhas aéreas que iriam ser perdidas para viajar para João
Img: Arquivo pessoal
Pessoa e participar. “Fui acampar, porque não tinha dinheiro para me hospedar. Lá eu conheci a Rayssa, da Colina do Sol, que insistiu para que eu retornasse para a Colina. Falou que o hotel Ocara estava fechado, insistiu, me estimulou. Quando voltei para Porto Alegre, decidi ir até à Colina dar uma olhada.”
Volta à Colina do Sol
Celso se sentiu estranho ao retornar depois de tanto tempo. Visitou o hotel Ocara e viu as condições de abandono em que se encontrava. “Era mato por todo o canto, cheio de teias de aranha, essas coisas assim”. Além do Hotel Ocara estar abandonado, Celso relata que, antes, quando saiu da Colina e foi morar no barco havia cerca de 100 moradores fixos. Quando retornou desta vez havia apenas 10 ou 15: “estava tudo abandonado mesmo”. Só não havia ido à falência porque havia ainda cerca de 40 a 50 casas, ou um pouco mais, cujos proprietários pagavam mensalidade para não as perderem, o que possibilitou o clube manter seus funcionários, ainda que de forma precária. “Se não houvesse o sistema de condomínio lá dentro, teria acabado”.
Acabou por decidir ficar na Colina do Sol e tentar recuperar o hotel. Com material de limpeza em punho ele e sua esposa começaram a faxina. O restaurante do lago também estava fechado “fomos lá e limpamos. Vamos abrir o restaurante. Vamos fazer o estrogonofe, a única coisa que eu sabia fazer”. Apesar de todas as dificuldades pelas quais a Colina do Sol passava naquele momento, com vários processos, inclusive com execução trabalhista, decidiu encarar mais um desafio, reabrindo o hotel e o restaurante. “As chances de aquilo tudo dar merda, com as terras da Colina irem à leilão, eram muito grandes.”
Img: Arquivo pessoal
Horta da Econat - Ecovila Naturista Colina do Sol
A ideia de reorganizar uma cooperativa foi rejeitada pelos moradores, então Celso decidiu criar uma ONG, com os mesmos princípios da cooperativa, oferecendo casa e comida (do hotel e do restaurante) para quem fosse trabalhar quatro horas por dia. O alvo era o de contratar estudantes que quisessem passar um tempo na Colina para trabalhar diversos serviços. Criou então o ICONE – Instituto Colina de Naturismo e Ecologia, entidade sem fins lucrativos para gerenciar este novo desafio, “resgatando a ideia da vida em comunidade, das pessoas dividindo o trabalho, e o conjunto dos trabalhos provendo a alimentação e o que fosse necessário para essas pessoas.” Aos poucos o trabalho começou a se desenvolver e a modificar o aspecto da Colina, atraindo novos moradores com este pensamento. A história da ecovila começou a tomar forma de novo. Mesmo tendo enfrentado dificuldades
com inimigos políticos que estavam na direção da Colina, ele usou o terreno que pertencia ao hotel, com mais de 3 hectares para fazer as hortas e tudo foi fluindo. Era um grupo de oito pessoas fixas e mais alguns que apareciam, ficavam por algum tempo e depois sumiam.
Imgs: Arquivo pessoal
Decepção com a política
Neste momento Celso confidencia sua decepção com a ideologia política contando que desde jovem nunca teve qualquer preocupação com esse tema e não se considerava engajado em qualquer linha política. No entanto com o advento da Praia do Pinho e a sucessão de tentativas de implantar comunidades cooperativas nos diversos empreendimentos que liderou, percebeu que ele se aproximava muito do ideal esquerdista de socialização. Isso não lhe causava qualquer constrangimento. Percebeu que o estilo de vida resultante dessas comunidades beirava o idealismo comunista. Mas alguns fatos graves da política nacional ocorridos por volta de 2012 além da percepção cada vez maior que, tanto seu ideal quanto o comunismo, se tratavam de utopias, porque as pessoas realmente não se engajavam na luta pela mudança, mas se tratava apenas de uma falta de opção para estes voluntários, tinham uma opção individual e não social, não tinham comprometimento com o negócio e que o comunismo acabava sendo uma imposição tolhendo a liberdade de escolha o levaram a se decepcionar e, paulatinamente, a abandonar essa ideologia. “Tentei atrair mais idealistas para esta nova etapa dando entrevistas a jornais e revistas, fazendo blogs na Internet por anos a fio, para participarem da montagem desse protótipo de uma comunidade de ecovila naturista, ao lado do lago, já com prédio pronto, com infraestrutura, no meio da maior área naturista da América Latina.” Celso acabou desistindo do projeto para o qual havia se dedicado por toda sua vida até então porque não encontrou outros idealistas como ele. “Este processo todo foi muito doloroso, marcados pelo suor no rosto, pelas bolhas nas minhas mãos, no cansaço da intelectualidade pela divulgação das ideias, fazer palestras, contatar pessoas entre outras atividades pró ideal.”
Essa experiência toda o fez perceber na prática o que funciona e o que não funciona. E assim pela primeira vez Celso acabou tomando uma posição política partidária, que o fez abandonar de vez a tendência esquerdista. Acabou também decepcionado com o interior das pessoas, “que só olham para dentro de si, egoisticamente. (elas) Não têm essa índole benevolente, solidária de trabalhar pelos outros, pela comunidade. Só pensam em si mesmo. A ideia do socialismo é uma utopia desconectada com a natureza humana... O comunismo só funciona se for imposto”.
Assim Celso passou 25 anos tentando montar ecovilas na praia do Pinho, no Paraíso da Tartaruga, na praia de Pedras Altas e finalmente na Colina do Sol. Segundo ele foi a falta de pessoas com este sentimento de solidariedade, de fraternidade, de cooperação, qualidades necessárias para uma vida em comunidade, para uma ecovila, que derrotou seu idealismo e o fez retornar para seu barco, onde mora com sua esposa, “cuido da minha vida, posso navegar para uma praia deserta e ficar pelado lá, sem depender de ninguém para organizar a coisa”.
Vida financeira
Financeiramente, Celso conseguiu recursos para iniciar seus sonhos de várias formas. Quando jovem, de apenas 28 anos, decidiu largar a vida estável de Diretor de Marketing de uma empresa em Porto Alegre e morar na Praia do Pinho ele saiu com um capital que o subsidiou durante alguns anos. Quando saiu da Praia do Pinho recuperou uma parte do capital vendendo sua casa e vendendo um restaurante-albergue que possuía no Paraíso da Tartaruga. Foi morar em Canela (RS). Quando começou o projeto Colina do Sol já estava zerado, contraiu um empréstimo para comprar as terras que hoje o empreendimento ocupa. Quando a obra de nivelamento acabou ele tinha 400 terrenos para vender, mas já era dono do Hotel e do Restaurante. Outra fonte de renda foi a venda da revista Naturis, criada por ele enquanto ainda estava no Paraíso da Tartaruga que lhe proporcionou uma renda mensal durante dois anos, e a venda de outros ativos o foram sustentando. “Minha vida sempre foi sustentada por causa dessas coisas”.
Os filhos e a ex-esposa Paula Andreazza
O filho Gabriel surfando na Indonésia.
A filha Valentina na sua "casa" na Austrália
onde vive e trabalha até hoje. Aliás os dois moram lá. Gabriel não chegou a se formar. Abandonou o curso após dois anos e decidiu viver em Santa Catarina empregando-se em restaurantes enquanto surfava, depois foi para o Peru na mesma situação e finalmente foi “com a cara e a coragem” viver no mesmo país onde a irmã iria residir mais tarde. Gabriel casou lá e é pai de dois filhos, trabalha com reforma e pintura de casas. Valentina mora em Van, com a qual viaja por toda a Austrália e também por toda Nova Zelândia e trabalha com vendas e instalação de energias alternativas.
Na mesma época em que os filhos decidiram por estudar em colégios convencionais e todos foram morar em Porto Alegre, Paula Andreazza, sua companheira das mais eletrizantes aventuras e decisiva na história de vida de Celso, montou uma sala para dar aulas de yoga e massagem ayurvédica. E então decidiu ir para a Índia, ficou 3 meses lá, quando voltou não se adaptou mais. Ficou uns meses e foi embora pra Europa. Celso ficou cuidando dos filhos.
Quando começou a pandemia da Covid, Celso estava morando mais uma vez na Colina do Sol, mas já havia vendido o hotel para um outro morador. Já namorando Fabiane, sua atual esposa, falou a ela que iria voltar a morar no barco e disse que não sabia se voltaria. Fabiane concordou em ir com ele e em um mês já estava acostumada. Continua financeiramente vivendo da renda de vendas de terrenos e títulos.
Imgs: Arquivo pessoal
Sobre seus dois filhos, um casal, Gabriel e Valentina, Celso conta que ele, os filhos e a esposa Paula foram todos morar juntos no barco na primeira vez em que Celso se aventurou. Eles tinham 9 e 12 anos de idade na ocasião. Nos estudos deles foram aplicadas a técnica de “home schooling”, inicialmente ministrados pelo próprio pai e mais tarde através de um colégio do Rio de Janeiro que fornecia o ensino à distância, pelo correio. Mesmo antes quando moravam no Paraíso da Tartaruga a alfabetização foi ministrada por Celso. Ficaram estudando desta forma por quase cinco anos. Mas quando estavam em Porto Alegre, os filhos “fizeram um motim” e quiseram estudar em um colégio. Então o pai os matriculou no mesmo colégio onde ele estudara. Eles estavam sentindo falta de amizades da mesma idade. Celso achava que eles iam ficar seis meses e depois iriam desistir. Nada disso. No colégio já fizeram uma turma de amigos. Gabriel entrou para uma banda de rock, Valentina teria festa de debutante. Acabou alugando um apartamento pequeno na cidade, “gastando uma puta de uma grana”. Ficou muito complicado porque o dinheiro foi acabando todinho. Depois foram fazer o ensino médio e o vestibular. Acabaram por ser aprovados em instituições de ensino federais. Gabriel passou em administração e Valentina em relações internacionais. No entanto, como ambos herdaram o espírito aventureiro do pai, depois de formada Valentina decidiu se mudar para a Austrália
No link ao lado o leitor poderá ver um pouco mais da vida de Celso Luís Rossi no resumo publicado no site Escavador: https://www.escavador.com/sobre/492163278/celso-lus-rossi
(enviado em 19/10/22)