A praia de Zipolite: a segunda experiência
Eu estive na praia de Zipolite há oito anos, durante o Sétimo Encontro Latino Americano de Naturismo, que teve como sede também o mesmo hotel e camping Los Angeles, que sediou agora o 39º Congresso Internacional de Naturismo. Estive novamente em Zipolite neste congresso. Vou relatar a seguir as minhas “segundas” impressões sobre essa que a única praia oficial nudista de todo o México, situada no litoral do Pacífico, cerca de 600 quilômetros da capital do país, em linha reta, que aumenta para 700 quilômetros se for alcançada pela estrada.
Por Pedro Ribeiro
Zipolite é uma praia “sui generis” em todo mundo. Não há informações sobre a quantidade de moradores da vila, que é composta basicamente por três ruas paralelas à praia. Não há rua entre os fundos dos hotéis e areia da praia, portanto em todos os hotéis e pousadas da orla você sai com o pé na areia literalmente. A rua principal que é a mais próxima da areia é a mais iluminada e possui quase a totalidade do comércio da região: farmácias, bares, restaurantes, padarias, pousadas. As outras duas ruas não têm qualquer iluminação pública e pouco comércio. Apesar da escuridão não tive sensação de insegurança. Não consegui localizar onde moram as pessoas que trabalham neste comércio ou na praia. Notei no entanto, em comparação com oito anos atrás, um incremento na quantidade de construções novas com muito trabalho sendo realizado intensamente. As ruas agora são calçadas e trânsito mesmo só
há na terceira rua, que na verdade é a estrada que liga as cidades litorâneas da região. Mas a circulação de motos é comum, e de carros é rara, nas duas ruas principais.
A única praia da vila é nudista em toda sua extensão de pouco menos de dois quilômetros, mas não é obrigatório ficar nu. Há momentos que não se parece estar em uma praia nudista, pois caminham-se muitos metros sem encontrar qualquer pessoa nua. O que notei é que a quase totalidade das pessoas que fica nua é turista, mesmo assim, são poucos os turistas que ficam nus. Os moradores da região (vendedores ambulantes, surfistas, esportistas, crianças) não ficam nus, talvez haja raríssimas exceções.
A quantidade de cachorros soltos é notável e não sei dizer se é caso de saúde pública. O serviço de guarda-vidas é feito por surfistas voluntários. O cheiro da maconha toma conta de toda a orla e as pessoas fumam abertamente. Aliás, em frente de uma das pousadas onde me hospedei antes do início do congresso, há um ponto fixo de vendas de maconha, feitos por jovens, bem jovens, que oferecem o produto aos transeuntes sem qualquer constrangimento. Eles também fazem uso de seu produto ali mesmo, gerando uma pequena aglomeração de usuários e clientes.
Nem todos os hotéis e pousadas que têm saída para a praia cuidam bem de seu visual. Há diversas que enfeiam a orla. Como não há, aparentemente, normas de construção, cada pousada tem sua própria arquitetura, prejudicando a harmonia estética.
A praia, de areia escura e um pouco mais grossa do que estou acostumado, desta vez estava com ondas muito fortes e perigosas, mas temperatura de água deliciosa. Falando de temperatura, o calor estava beirando o insuportável, dia e noite, sem uma brisasinha refrescante, vontade de colocar roupas em hora nenhuma. O nudismo no entanto não é permitido nas ruas, mas ouvi dizer que há quem se arrisque. Na rua principal, por exemplo, há dois painéis fotográficos com imagens de nudistas que posaram, na maioria das vezes, para fotos na praia e colocam os resultados para exposição, sem qualquer censura. E há também alguns bares e restaurantes que permitem o nudismo e não há qualquer muro ou cerca que impeçam de ver as pessoas a partir da rua.
Não presenciei na areia da praia em nenhum horário qualquer tipo de ato libidinoso, nem de assédio contra mulheres que ficam nuas sozinhas na areia da praia. As pessoas vestidas circulam entre as nuas sem qualquer tipo de olhar ou incômodo. Só houve aglomeração de pessoas nuas quando chegaram os outros participantes do congresso naturista.
Alguns hotéis da orla são nudistas, mas nenhum é naturista, pois em princípio não aceitam hospedagem de menores de idade. E alguns permitem atos libidinosos publicamente, nas piscinas. Ao contrário de onde ocorreu o Congresso, o Hotel Los Angeles, que não é nudista ou naturista no seu cotidiano, permitiu o nudismo enquanto durou o evento. E lá é permitida a hospedagem de crianças. Havia hóspedes que não faziam parte do congresso, mas que aderiram à nudez durante o evento, juntamente com seus filhos.
De maneira geral achei as pessoas da cidade muito simpáticas e cordiais. Existe uma grande população turística LGBTQi+, mas nem mesmo os representantes desse grupo social aderiram à nudez totalmente. De qualquer forma, para quem
gosta de ambiente bucólico e praia quase deserta, mas com apoio logístico para turistas, Zipolite pode ser uma boa pedida. Dizem que durante o festival nudista da cidade, que ocorre geralmente em fevereiro, o local fica lotado.
Veja a seguir galeria de fotos da praia de Zipolite
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(enviado em 25/10/24)
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(enviado em 21/03/24 por Pedro Ribeiro)