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​Estatística de artigos sobre nudez. Dormir nu. Misofalia. Nudez ao longo da história.

De autoria de Arthur Virmond de Lacerda Neto, o artigo (ilustrado com fotografias) Abricó, praia nudista foi publicado em novembro de 2014 e teve cerca de 41.800 visões até ao presente; o artigo Ética do nudismo foi publicado em dezembro de 2015 e teve à roda de 14.900 visões até ao presente. Ambos transmitem o ideário naturista e expõem-se em arthurlacerda.wordpress.com.

Por Arthur Virmond de Lacerda Neto.

Nos últimos três anos (de março de 2022 a março de 2025), os artigos sobre nudismo daquele autor são os mais vistos de seu blogue: Abricó, praia nudista, em primeiro lugar, com 10.951 visões; Ética do nudismo em quarto, teve 1.933 visões; A favor da nudez em quinta posição, teve 1.163 visões;  Nudez e vergonha do corpo em sexto, com 1.102; A favor do nudismo em sétimo lugar com 867 visões (Jesus foi crucificado nu. Fundamento de sua condenação, em segundo lugar, com 5.007 visões; Costumes: de cueca na praia e em público, em terceiro lugar, com 2.239 visões). A maioria das visões deu-se no Brasil, sem tráfego pago nem gestão especial de divulgação.

 

Em ordem cronológica, o primeiro artigo foi Nudez

e vergonha do corpo, publicado aos 25 de janeiro de 2014, que, na época, chamou bastante a atenção do público: naquele mês houve-lhe 10.792 visões e 16.475 naquele ano; em 2016 foi visto 24.270 vezes. De 2017 por diante, já diminuto interesse despertou: foi visto por aproximadamente 600 pessoas por ano, provávelmente[1] porque os outros artigos sobre naturismo concorreram com ele.

Tal estatística serve de sinal do interesse que o nudismo desperta nos internautas brasílicos, na verdade diminuto se considerarmos a população do Brasil.

 

Terá sido por efeito destas monografias que a cantora Bárbara Eugênia apresentou-se, em concerto, nua em pelo, com dois cantores, também nus em pelo, em São Paulo, em 1º de novembro de 2015 ?; no ano seguinte, em várias cidades brasileiras deram-se casos de nudez integral em público, em gente sã (não estavam sob efeito de entorpecentes nem bêbedos).

Em diversos países (inclusivamente no Brasil) há albergues da juventude (em inglês hostels), estalagens barateiras com camaratas (quartos que abrigam vários hóspedes). Na Alemanha, na República Tcheca, na Croácia, na França, rapazes e raparigas deslocam-se pelados dos quartos para os vestiários e vice-versa, sem olhares voluptuosos de uns para os outros, atreitos que são à nudez em casa e nas praias. Já os brasileiros, pudicos, ocultam seu pênis o mais que podem: transitam de cuecas ou envoltos em toalhas. Por seu pudor, prontamente reconhecem-nos como brasileiros.

 

Nos vestiários de ginásios de musculação no Brasil, os varões adentram o cubículo do chuveiro de cuecas e dele se retiram de cuecas; praticam verdadeiros malabarismos para despirem-nas ou vestirem-nas, com toalha à cintura; envergonham-se de exporem seu pene.

Notadamente os de mentalidade religiosa e os de geração supra-50 conotam, ainda, nudez com desrespeito, assédio, sexualidade, indecoro. Por outro lado, a geração sub-30 de classes médiamédia, média alta e alta, vêm se libertando desta mentalidade e é receptiva à nudez: vai em aumento o número de rapazes e de raparigas que tratam a nudez com naturalidade, sem escândalo nem malícia, e são indiferentes ao desnudamento doméstico, de moradores do lar em que residem. Na dita geração vai-se trivializando dormir-se nu, aparentemente mais os mancebos; muitos que residem sozinhos ficam pelados em casa, em diversas cidades do quente Brasil.

 

No Brasil, muitos comunicadores são pudicos ao referirem-se ao pênis, que nomeiam por sucedâneos tolos (amigão, meninão, aquilo, o dito cujo, a coisa), como se fosse indecoroso chamar pênis ao pênis, ou por seus sinônimos cultos, que raros conhecem (pene, mêntula, mêntulo, priapo, marzapo, falo. Pinto é coloquial sem ser chulo).

 

Dissimular o pênis em vestiários e seu nome em comunicações decorosas são resquícios da gimnofobia (horror da nudez), herança do concílio de Trento (século XVI), que elegeu dois inimigos que combater: o protestantismo e a nudez.

Houve épocas de nudismo e de indiferença para com a nudez. A moral ocidental não foi sempre de gimnofobia e velamento do corpo, nem o pudor foi sempre tal e qual os brasileiros o conhecem (recomendo altamente o livro História do Pudor, de João Cláudio (Jean Claude) Bologne (encontradiço no Brasil, em excelente versão portuguesa). O conhecimento da história concorre para percebermos o quão circunstancial é o padrão moral pudico-gimnofóbico.

 

Há algumas décadas, eram inapresentáveis em público o torso masculino, os mamilos masculinos, e a bunda feminina. Os banhistas adentravam o mar vestidos do pescoço aos joelhos, e até mais. Gradualmente, os corpos foram se expondo e sua exposição foi se tornando aceitável.

 

Atualmente, nas praias e em piscinas, no Brasil, encoberto que esteja o pene por sunga estreita e velados os bicos das mamas das mulheres por estrófio (reduzido que seja), estarão (na mentalidade pudica) salvaguardadas a moral, os bons costumes, a decência, a família. Se investigarmos que há de tão problemático no falo e no bico do seio, nada encontraremos.

 

Nos anos 1930, alguns ousados (varões), nos EE. UU. AA., lançaram a campanha do mamilo exposto: apresentavam-se em praias com uma alça de suas camisetas regatas cortada, de modo que expunham um de seus mamilos, até então inapresentáveis na moralidade comum.

Como sempre, políticos aproveitadores começaram a se movimentar para pedir proibição do naturismo na praia da Galheta, mas o fato mais inesperado foi quando um destes descobriu que, quando a reformulação da lei que regia o parque natural da Galheta foi alterada, em 2016, o parágrafo que permitia a prática naturista havia sido suprimido.

 

Daí em diante, uma série de ataques contra o naturismo na praia da Galheta começou a ocorrer, liderados por políticos conservadores da capital catarinense. A situação atual é crítica. Em pleno verão, uma campanha liderada pela vice-prefeita eleita em outubro do ano passado, determinou a presença da Guarda municipal da cidade e pediu a presença da Polícia Militar do estado para impedirem ostensivamente a prática do naturismo na praia, coisa que nunca foi feita quando o Naturismo podia ser praticado.

 

 

Por outro lado, entre os anos 1930 e 1970, nas piscinas das Associações Cristãs de Moços estadunidenses (Young Men's Christian Association, nome abreviado como YMCA) todos os varões estavam pelados por inteiro, até se lhes proibir a nudez, por influência de pais religiosos.

 

É de notar que a igreja católica elegeu, nos 1.500, como inimigo a nudez, existente no ambiente cristão da época. Pelo menos no intervalo do ano 1.000 ao ano 1.400 e certamente até os 1.500, dormia-se pelado e em família era comum ver e ser visto nu.

 

Na Antigüidade grega e romana, havia balneários mistos (de varões e varoas), em que se tomava banho, todos pelados; imperadores e deuses eram representados comumente nus em pelo; os gregos praticavam ginástica em nudez total. No

mesmo Velho Testamento (fonte da gimnofobia cristã) Adão e Eva estavam pelados no Paraíso, primeiro campo de nudismo da história, o que originou o adamismo, corrente cristã nudista, que recrudesceu algumas vezes ao longo dos séculos, e condenada pela igreja católica por herética.

Nos primeiros vinte anos do século XX, na Alemanha, Ricardo (Richard) Ungewitter publicou vários livros pró-nudez, com grande êxito e que concorreram decisivamente para a formação da cultura do corpo livre de tabus e preconceitos, já típica da Alemanha, da Áustria, da Croácia, da França. São livros que merecem tradução castiça para português.

 

Assim como assim, o ideal nudista no Brasil não se tornou no que Ortega y Gasset chamava crença ou vigência social: pensamento incorporado à mentalidade vigente, “naturalizado”. Para tal, vale a pena agitar estas ideias: a nudez é natural e inocente; ela não implica desrespeito, indecoro, sexo; ela não há de ser motivo de vergonha; ela é saudável para o corpo e para o estado psicológico da pessoa; não há partes indecorosas no corpo humano; toda praia deve ser de nudez facultativa.

 

[1] Acentuei de caso pensado este advérbio, a fim de realçar-lhe a prosódia: provávelmente, não prôvavelmente, como erradamente se diz por aí.

 

(enviado em 31/03/25)

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